11 de mar. de 2012

SILÊNCIO

Silêncio: ausência de sons e de barulhos, quietude....percebo que está se tornando raridade encontrar alguém que, de fato, curta o silêncio, ou não entre em pânico se não houver nenhuma musiquinha ou algum outro tipo de intensidade sonora que não seja o vazio. 

Com o avanço da tecnologia e do poder aquisitivo da população, o que mais se vê por aí são fones de ouvido, dos mais discretos até aqueles gigantescos que cobrem a orelha inteira, plugados a celulares mirabolantes ou ao último lançamento de um IPod qualquer. Usados inclusive quando não é aconselhável ou proibido, como por exemplo, ao andar de bicicleta na rua.



Se a pessoa for daquelas destituídas de bom senso, que anda por qualquer lugar carregando seu "som portátil" sem o tal fone de ouvido, sujeitando todos ao seu redor a sua lista de hits favoritos e não se importando se a seleção musical agrada ou não...a coisa complica. O respeito ao próximo é requisito básico para estarmos em harmonia em sociedade.

Num jornal popular aqui no Rio esta semana, foi matéria a pesquisa feita na  maioria dos estabelecimentos, como bares, restaurantes e coletivos (ônibus principalmente trafegando pelo centro da cidade), na qual o índice sonoro medido ultrapassa os 94 db!!! O que falar das obras? Sinfonia de marretas, britadeiras, maquitas, serralheiras, furadeiras, e ai de quem ousar se queixar, "está no horário permitido". Ou se não estiver, como é o caso da troca de asfalto nas principais avenidas e ruas da cidade, fique sem dormir direito por dois dias apenas, afinal a prefeitura está melhorando a cidade para o seu proveito. Lembrando que este limite permitido é de 65 decibéis.

O escutar vai além: se eu não quero ficar em silêncio como poderei escutar o meu corpo? Escutar de verdade os meus pensamentos e ouvir o que minha voz interior tem a dizer? Isso não é papo de bicho-grilo, é papo de quem é consciente da sua saúde sem delegar a terceiros sua manutenção. 

Uma das alternativas para conseguir encontrar esta quase ausência de sons, apesar da tentação que nossa sociedade ''impõe'', é deixar televisão, música, computador e demais dispositivos de lado e se aquietar, ouvir a respiração, o coração batendo e o pulsar na pele....se estiver perto da natureza apreciar o som dos pássaros, ou da água do riacho, o barulho das ondas do mar, das folhas das árvores que balançam ao vento, ou mesmo só o barulho do vento, ou da chuva.....

Conforme a pessoa se permite " desconectar-se" ela pode vir a aprender o que é ficar/estar atenta a todos esses sons que nos rodeiam o tempo todo, identificá-los, um por um, e conseguir alguns intantes de sossego, paz e tranquilidade....ganha atenção e concentração. Uma recarregada de bateria, se preferirmos dizer de forma mais corriqueira.

Precisamos disso. Nossa essência precisa disso. A prova está aí, todo mundo reclamando, sem paciência, estressado, ultrapassando os próprios limites e os limites do outro, literalmente uma bomba relógio! Sem querer dar um tempo, sem se permitir desligar-se. Calma! 

Respire fundo pelas narinas e solte o ar pelos lábios, dê a si mesmo cinco minutos que seja. É uma escolha voltada ao seu equilíbrio. A sua paz. 
Todos sairão ganhando.